14 de nov | 4 min para ler
Cirurgia de urgência negada pelo plano de saúde: o que fazer?
A cirurgia de urgência negada pelo plano de saúde é uma das situações mais alarmantes enfrentadas por beneficiários no Brasil. Quando o atendimento médico é classificado como urgente, o tempo é fator determinante para o sucesso do procedimento e, em muitos casos, para a preservação da vida ou da integridade física do paciente.
No entanto, mesmo com a clara necessidade e prescrição médica, diversos planos de saúde insistem em negar a autorização do procedimento sob justificativas abusivas, como o cumprimento de carência contratual. A negativa de cirurgia de urgência pelo plano de saúde pode configurar grave violação aos direitos do consumidor e à legislação brasileira.
O que caracteriza uma cirurgia de urgência negada pelo plano?
Segundo a Resolução nº 259/2001 da ANS, situações de urgência e emergência devem ser atendidas pelos planos de saúde, mesmo dentro do prazo de carência contratual de 24 horas após a contratação. São consideradas situações de urgência aquelas resultantes de acidentes pessoais ou complicações no processo gestacional, que demandam atendimento imediato.
No caso analisado, a paciente necessitava de cirurgia de urgência devido à uma condição clínica que colocava sua saúde em risco. O plano de saúde, mesmo ciente da urgência, se negou a cobrir o procedimento, alegando carência.
A decisão judicial: proteção ao direito à saúde para cirurgia de urgência
A Justiça do Distrito Federal, em sentença recente, determinou que o plano de saúde reembolse os valores pagos pela paciente relativos à cirurgia de urgência negada. A magistrada entendeu que a recusa do plano foi indevida e abusiva, pois se tratava de situação urgente em que o procedimento era essencial para garantir a saúde e integridade física da autora.
A sentença destaca:
“Restou comprovado que a situação da parte autora era de urgência, com risco iminente de agravamento do seu estado clínico, motivo pelo qual a negativa de cobertura foi indevida.”
Com base na prescrição médica, exames e laudos apresentados, o juízo reconheceu que a conduta da operadora contrariou tanto o contrato quanto a legislação protetiva do consumidor e da saúde suplementar.
Cirurgia de urgência negada pelo plano devido aos prazos de carência
Muitos beneficiários acreditam que o plano de saúde pode negar qualquer atendimento durante o período de carência. No entanto, isso não se aplica aos atendimentos de urgência e emergência, conforme dispõe a Lei dos Planos de Saúde (Lei nº 9.656/98) e a normativa da ANS.
A negativa de cirurgia de urgência pelo plano de saúde, mesmo com a alegação de carência, pode ser considerada prática abusiva. O direito à vida e à saúde se sobrepõem às cláusulas contratuais que limitam o acesso ao tratamento em casos emergenciais.
Como comprovar a urgência de uma cirurgia negada?
Em geral, é necessário apresentar documentos como:
- Laudos médicos;
- Exames;
- Prescrição da cirurgia;
- Relatórios hospitalares;
- Registros de atendimento de emergência.
Esses elementos servem para demonstrar que o quadro clínico do paciente era de urgência e que a cirurgia não poderia ser postergada.
O que fazer diante da cirurgia de urgência negada?
Caso a cirurgia de urgência seja negada pelo plano de saúde, o consumidor deve seguir alguns passos:
- Registrar a negativa por escrito ou em protocolo de atendimento;
- Guardar todos os documentos médicos que indiquem a urgência do caso;
- Solicitar reembolso imediato, caso tenha arcado com os custos;
- Buscar apoio jurídico especializado para ingressar com ação judicial.
O Poder Judiciário tem reiteradamente reconhecido que a recusa de cobertura para cirurgias de urgência representa afronta à dignidade da pessoa humana, à boa-fé contratual e à função social do contrato.
Casos de urgência não podem ser postergados em cirurgia de urgência negada
A jurisprudência brasileira é unânime ao afirmar que nenhuma cláusula contratual pode prevalecer sobre a urgência do caso médico. Isso significa que, mesmo se o contrato estabelecer prazos de carência ou outras limitações, essas regras devem ceder diante da necessidade imediata do procedimento.
A responsabilização do plano de saúde
A operadora que nega cobertura em caso de cirurgia de urgência pode ser responsabilizada judicialmente, com obrigações que envolvem:
- Reembolso integral das despesas hospitalares e médicas;
- Correção monetária e juros legais sobre os valores pagos;
- Em alguns casos, indenização por danos morais, embora esse tema não tenha sido objeto da decisão que fundamenta este artigo.
Decisão judicial que reforça os direitos do consumidor
A sentença utilizada como base para este artigo reforça que a negativa de cirurgia de urgência pelo plano de saúde é ilegal quando há comprovação médica da necessidade e urgência do procedimento.
O Judiciário determinou o reembolso integral da quantia paga pela paciente e reforçou que a operadora agiu em total descumprimento da legislação vigente. A decisão ainda reconheceu que o contrato firmado entre as partes não pode afastar o dever de cobertura nos casos urgentes, ainda que dentro do período de carência.
O papel do advogado especializado
Contar com a atuação de um advogado especializado em direito à saúde é fundamental para que o consumidor possa buscar seus direitos de forma rápida e eficaz. O profissional pode:
- Analisar o contrato;
- Verificar a legalidade da negativa;
- Elaborar uma estratégia processual;
- Representar o consumidor na Justiça.
Conclusão: cirurgia de urgência é direito do paciente
A cirurgia de urgência negada pelo plano de saúde é uma conduta recorrente, mas que não encontra respaldo legal. O consumidor tem o direito de receber atendimento imediato em situações que envolvam risco de vida ou agravamento do quadro clínico.
A sentença mencionada reafirma que a Justiça brasileira está atenta às práticas abusivas das operadoras e tem atuado para proteger o direito dos pacientes ao atendimento urgente e à dignidade da pessoa humana.
Se você foi vítima da negativa de cirurgia de urgência pelo plano de saúde, procure orientação jurídica e busque seus direitos.
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